De 24 de novembro a 18 de dezembro as atenções do mundo estarão voltadas para o Catar, onde acontece a Copa do Mundo da FIFA 2022. Para a imprensa, realizar a cobertura de um mega evento como este é um sonho não só de jornalistas esportivos, mas de qualquer editoria.
Neste tipo de competição, os olhares sempre ultrapassam os locais dos jogos e as coberturas irão além das quatro linhas dos oito estádios da Copa – Al Bayt, Al Janoub, Ahmad Bin Ali, Al Thumama, Education City, Khalifa International, 974 Stadium e Lusail –, que receberão as 64 partidas.
Planejamento e Logística
Pensar e planejar uma cobertura no Catar para os brasileiros esbarra em uma questão complexa que é a financeira, além de toda a logística para um mês de trabalho em Doha.
A programação inclui aproximadamente 15 horas de voo para Doha (dependendo do ponto de partida) e despesas com passagem aérea (cerca de R$ 13 mil) e hospedagem (R$ 28 mil para apartamento single), sem incluir alimentação*.
Não só para mídia independente, mas também para as grandes empresas de comunicação, os gastos vão definir o número de repórteres locais e a decisão sobre a opção da cobertura à distância.
Cobertura analítica
Para Vanessa Riche, jornalista com cerca de 30 anos no jornalismo esportivo e responsável pelo primeiro projeto com narradoras mulheres para uma Copa do Mundo (realizado na Fox, com o nome de “Narra quem Sabe”), será uma cobertura interessante por acontecer em um período novo do ano e em um local com uma cultura muito diferente da maioria dos países. Entretanto, ela ressalta que os custos para a viagem vão definir quem vai e que fica no Brasil. “A distância e os gastos para se deslocar são decisivos, e sabemos que vai provocar uma série de coberturas online. E ai que vamos precisar ter atenção redobrada”.
Ela lembra que será fundamental selecionar uma série de opções de consulta, pois haverá a cobertura oficial de cada país, as opiniões publicadas em perfis de jogadores nas redes sociais e as notícias em sites oficiais, tanto da FIFA quanto em veículos da imprensa local. “Precisaremos contar com uma multiplicidade de fontes. Só que a premissa do jornalismo é a apuração, ou seja, a checagem de cada fato vai ser fundamental. Com uma cobertura à distância, o jornalista tem que ficar alerta porque não pode confiar em tudo o que está lendo”.
Para o jornalista Mauro Cesar, atualmente trabalhando no Portal UOL e com canal no Youtube, será preciso uma avaliação criteriosa de cada apuração. “Precisamos de fontes realmente confiáveis, de jornalistas e de veículos. Essa filtragem deve ser feita continuamente", diz ele. "Existem as manifestações oficiais, mas depender delas pode tornar o jornalista um mero reprodutor de versões oficiais. Por isso, é essencial filtrar, muitíssimo bem.”
Acompanhar os jornalistas que estarão in loco também é importante, mas Riche lembra que é preciso cuidado com o “corta e cola”, porque quem está longe pode perder a leitura do que está acontecendo. “Uma coisa é a cobertura com a nossa opinião e outra é a que estamos assistindo pela televisão. Você não sente o clima, não percebe a movimentação e o comportamento do torcedor, por isso teremos que trabalhar com muito critério", , analisa a jornalista. "Precisa ser uma cobertura analítica. Assistir, reunir as várias fontes, ver tudo o que está sendo publicados nas redes e, com isso, você conseguirá ter uma visão que terá mais sentido”.
Fontes oficiais da Seleção Brasileira
Para munir os jornalistas com informações da Seleção Brasileira, a CBF concentrará todas as notícias no site da Confederação, além das publicações em redes sociais.
Vinicius Rodrigues, assessor de imprensa da Seleção Brasileira, explica que essa opção é para que nenhuma informação privilegiada seja passada a determinado veículo. “Não há conteúdo exclusivo para ninguém porque acreditamos que dessa forma todos os jornalistas são tratados em pé de igualdade”.
Para levantamento de dados, existe uma área exclusiva no site da CBF relacionado só sobre a Seleção Brasileira, mas, eventualmente, algumas notícias vão para a home, como é de praxe.
Para que a imprensa tenha material fotográfico para publicações editoriais, a CBF disponibiliza fotos no Flickr, separadas por álbuns. As fotos podem ser utilizadas, com devido crédito para o fotógrafo oficial da CBF, assim como os vídeos da CBF TV .
Além destes canais, são publicados alertas em diversas redes sociais, como Twitter e Instagram da Confederação.
Vinicius explica que a base de todo o trabalho será no Catar, com a presença da equipe de comunicação da CBF concentrada na sede da Copa do Mundo. “Todas as informações virão direto de lá”, explicou Vinicius. “Nossa orientação é que em qualquer necessidade, os jornalistas devem procurar nossos assessores de imprensa para que possamos atender às solicitações”.
No Youtube, por exemplo, estarão as transmissões de coletivas de jogos, com exceção das do dia anterior à partida e no dia da partida, porque são de responsabilidade da FIFA e não da Confederação.
Informes Oficiais da FIFA
Para que os jornalistas tenham acesso a conteúdos específicos, como coletivas, fotos, vídeos e informes oficiais da Copa do Mundo, foi criado o FIFA Media Hub, um serviço desenvolvido dentro do site oficial www.fifa.com.
Para ter acesso é necessário o preenchimento do formulário e, em caso de dúvida, o contato deve ser feito através do MediaOperations@fifa.org. Após o registro é enviado um e-mail de confirmação para concluir o processo de verificação.
A etapa seguinte é a análise do pedido pelo FIFA Media Channel para aprovação ou não da solicitação de acesso. A FIFA reforça que todos os jornalistas interessados em acompanhar as competições devem se registrar, pois diversas informações de interesse da imprensa só ficam disponíveis nesta área restrita e não no site oficial.
Nas Redes Sociais
Entre os canais que os jornalistas precisam ficar atentos está o Twitter, onde a sugestão é a criação das listas, incluindo perfis oficiais como CBF e FIFA, de jornalistas que estarão no Catar, de jogadores, de veículos locais, personalidades de destaque entre outros.
Desta forma, é possível selecionar a lista e acompanhar postagens em tempo real, para checagem e comparação de informações.
Em redes como o Youtube, a inscrição e ativação de notificações são importantes para assistir entradas ao vivo ou coletivas. No caso da FIFA, o canal é o https://www.youtube.com/fifa.
Ainda existem outras opções de redes para cruzar informações. A CBF usa o Kwai enquanto a FIFA usa o Tiktok. No Instagram, o perfil da FIFA é o @fifaworldcup e o da CBF é @cbf_futebol.
Atenção ao fuso horário do país, Doha está seis horas adiante do horário de Brasília.
Foto: Emilio Garcia on Unsplash