Como a campanha Verificado19s está combatendo 'fake news' sobre o terremoto no México

Oct 30, 2018 em Combate à desinformação

A comunicação é uma ajuda. Quando desastres naturais acontecem, como o terrível terremoto que atingiu o México no dia 19 de setembro, a informação "pode ajudar a salvar vidas e mitigar os riscos", de acordo com a rede CDAC. Quer dizer, a informação confiável.

Numa época em que notícias falsas relacionadas a eventos cotidianos se espalham por toda parte, jornalistas e cidadãos, antecipando a confusão que o desastre poderia causar, assumiram a tarefa de verificar dados relacionados ao terremoto que abalou a Cidade do México e outras partes do país, resultando em centenas de mortes, milhares de feridos e grandes danos à infraestrutura.

A campanha #Verificado19s nasceu horas após os tremores no México "para encontrar formas de verificar a informação que aparece nos meios de comunicação e nas mídias sociais", explica o site. Uma plataforma digital, coletivamente, mapeia e registra em um banco de dados os danos causados pelo terremoto, bem como as necessidades e disponibilidade de doações em abrigos e centros de abastecimento e as ofertas e chamadas de voluntários.

A informação é coletada através de formulários que os cidadãos podem preencher. Voluntários, em seguida, verificam os dados em tempo real. Com base no Mapa de Crises do Google, o resultado é um panorama espacial da situação na Cidade do México e nos estados afetados pelo terremoto.

Em meio à onda de solidariedade e a resposta em massa dos mexicanos para ajudar aqueles que precisam, a #Verificado19s tem como objetivo "organizar a informação para tornar a resposta dos cidadãos mais eficiente". Em uma questão de horas, tornou-se a fonte de informação mais confiável para quem quer ajudar.

Sandra Barrón, jornalista e inovadora social, estava em Tuxtla Gutiérrez, no estado de Chiapas, quando o terremoto atingiu. Longe de sua casa na Cidade do México, ela recorreu às redes sociais para ver como estava a situação. Ela encontrou muita confusão sobre as notícias e que ajuda era necessária.

"De longe, percebi que poderia verificar as dúvidas que as pessoas tinham nas redes sociais", explica ela. Usando o Google News e explorando grupos no Facebook e Twitter, ela começou a monitorar e verificar o que estava sendo dito. As pessoas responderam e começaram a escrever para ela no Twitter para obter informações.

Na quinta-feira, ao retornar à Cidade do México, ela se juntou a voluntários na #Verificado19s para continuar a verificação de fatos.

Hoje, eles adicionaram uma plataforma para reportar pessoas desaparecidas, chamada #V19sBuscandonos, para facilitar a identificação e a busca de pessoas que não foram localizadas após o terremoto.

A #Verificado19s é um esforço conjunto de ativistas voluntários, programadores e jornalistas com o apoio de organizações sociais como Artigo 19, CartoCrítica, Cultura Colectiva e mais, com ajuda adicional do Google, McKinsey e Vice.

Outras iniciativas também surgiram para compilar e organizar informações relacionadas ao fornecimento e necessidades de ajuda, como SismoMexico.org, InfoSismoMx e ComoAyudar.mx. Enquanto isso, o Codeando México, uma plataforma de inovação cívica, lançou um site para reportar e combater notícias falsas.

A necessidade desses esforços de verificação tornou-se clara após a farsa de Frida Sofia: uma garota de 12 anos supostamente presa sob os escombros de uma escola, cujos esforços para salvá-la foram transmitidos na TV nacional por horas e reproduzidos em todo o mundo. A história era falsa; a menina não existia.

O governo, entretanto, convidou os cidadãos a ajudar a evitar a propagação de notícias falsas. Com os serviços telefônicos interrompidos após o terremoto, a informação foi compartilhada principalmente através das redes sociais, especialmente o WhatsApp, um aplicativo de mensagens popular na América Latina, acelerando a propagação de rumores. A Secretaria de Desenvolvimento Social, através da sua conta oficial no Twitter, pediu à população para "acompanhar as contas oficiais e evitar espalhar informações não verificadas". Na tentativa de impedir a propagação de rumores de outro movimento sísmico, um funcionário do governo tuitou que "os terremotos não podem ser previstos". Ele então compartilhou um guia curto sobre como verificar informação. Organizações de notícias como a Verne e CNN ​​​​​publicaram uma série de dicas sobre como usar as redes sociais durante a crise e como evitar a disseminação de informações falsas.

Hoje, no México, a sociedade civil está fazendo esforços para garantir que a comunicação realmente seja uma ajuda.​

​​​​​​Imagem principal sob licença CC no Flickr via IsraelMFA