Como jornalistas, temos o poder de influenciar a percepção pública da nossa realidade social e política. Portanto, somos responsáveis por oferecer uma cobertura justa e imparcial e buscar uma variedade de vozes e perspectivas. Mas, embora a diversidade e a inclusão tenham sido tópicos de muita conversa no campo há décadas, o progresso é lento.
Na mídia, as mulheres e as minorias ainda são sub-representadas. No ano passado, uma pesquisa da American Society of News Editors mostrou que as mulheres representavam cerca de 39 por cento de todos os funcionários de redações. Minorias alcançaram um índice ainda pior, com 16,55 por cento (menos do que em 2016), e são apenas menos 14 por cento de todos os líderes de redações.
Uma indústria esmagadoramente masculina e branca se reflete nas matérias e narrativas jornalísticas. Em 2015, o último projeto de Monitoramento de Gênero na Mídia revelou que as mulheres representavam apenas 24 por cento das pessoas ouvidas, lidas ou vistas em toda a mídia, e a representação de pessoas de minorias raciais ou étnicas continua a ser distorcida por estereótipos.
Além disso, reduzir os orçamentos editoriais muitas vezes significa que as organizações de notícias continuam dependendo das fontes e materiais que tradicionalmente têm sido mais acessíveis para elas, não conseguindo ampliar opiniões sobre raça, gênero e identidade.
Reconhecendo a importância de corrigir qualquer viés não intencional, reunimos a seguir uma pequena lista de recursos disponíveis para ajudar jornalistas e salas de redação a acessar facilmente fontes, imagens e termos mais diversos e inclusivos.
Banco de dados de especialistas
SheSource é um banco de dados de mais de 1.340 mulheres especialistas com experiência em mídia, administrado pela organização sem fins lucrativos Women’s Media Center (WMC). Gratuita, a plataforma conecta jornalistas com fontes em todas as indústrias, promovendo vozes femininas competentes de diferentes origens, habilidades e geografia (embora, no momento, seja principalmente focada nos EUA).
As especialistas são selecionadas pelo WMC após se cadastrarem, e jornalistas também podem se inscrever para receber uma lista semanal de especialistas disponíveis para conversar sobre problemas atuais. As páginas de perfil das mulheres apresentadas no banco de dados incluem suas informações e artigos e aparências anteriores.
Banco de imagens
Lançado em 2017 com a missão de diminuir estereótipos e preconceitos, o TONL é especializado em fotos de estilo de vida e editorial com pessoas de cor. O site já têm mais de 3.000 imagens disponíveis e adiciona cerca de 270 novos por mês. As fotos podem ser compradas individualmente ou através de planos de assinatura (atualmente a partir de US$29 por 15 fotos por mês).
Para matérias ou veículos com foco em saúde, boa forma e alimentação, o Representation Matters é um recurso útil. Suas fotos apresentam modelos com uma variedade diversificada de formas e corpos, proporcionando uma alternativa às muitas galerias sobre perda de peso e corpos magros. Diferentes planos de pagamento estão disponíveis no site, mas os assinantes da newsletter recebem três imagens gratuitas para uso pessoal ou comercial a cada mês.
Linguagem inclusiva
Se você está trabalhando em matérias sobre pessoas LGBTQ, o Guia de Referência de Mídia da GLAAD inclui um glossário de termos ofensivos e difamatórios, bem como dicas básicas de escrita para garantir uma abordagem respeitosa na reportagem.
No guia de estilo do National Center on Disability and Journalism, jornalistas encontrarão uma seleção de termos apropriados e precisos sobre deficiências, indexados em ordem alfabética. Cada entrada também apresenta um pequeno parágrafo sobre a história e recomendações práticas para o uso de cada termo.
O Religion Stylebook foi criado pela Religion Newswriters Foundation para pessoas que cobrem tópicos religiosos na mídia convencional. Aborda muitas preocupações comuns relacionadas a estilo sobre denominações, grafias, títulos e até algumas pronúncias. É uma ferramenta crucial licenciada pela Creative Commons para evitar mal-entendidos dentro de uma editoria tão complexa.
Violência contra mulher
Para combater uma representação clichê da violência contra as mulheres e ajudar as pessoas a reconhecer suas muitas formas diferentes (muitas vezes invisíveis), as instituições Scottish Women’s Aid e Zero Tolerance lançaram o One Thousand Words, um projeto que oferece imagens gratuitas que representam de maneira realista abuso doméstico e controle coercivo. Os recursos já foram utilizados por vários trabalhos nacionais e locais, bem como publicações online. O projeto visa ajudar mais mulheres que sofrem ou sofreram abuso doméstico a se verem refletidas nas fotos e se sentirem capacitadas para buscar ajuda.
Cristiana Bedei é jornalista freelancer com foco em gênero, sexualidade, direitos da mulher e saúde mental.