Grandes organizações de mídia como o New York Times, Wall Street Journal ou Associated Press têm feito experiências com esta nova tecnologia por um tempo, e mais redações estão a caminho. É por isso que eu decidi comprar uma câmera de 360 graus e ver o que eu próprio poderia fazer como jornalista. Aqui está o que aprendi até agora...
O equipamento
Depois de testar diferentes equipamentos e ler vários comentários, decidi comprar uma câmera Ricoh Theta S.
Cheguei a esta decisão por duas razões:
- Melhor relação de preço/desempenho para um orçamento baixo. Eu não tinha um grande orçamento, mas estava curioso sobre a descoberta desta tecnologia. Em 2016, se você quer uma plataforma de 360 graus profissional, precisa gastar no mínimo US$3.000. A Ricoh Theta S custa apenas US$350, o que é um valor acessível para uma experimentação.
- Visão esférica de 360 graus. A Ricoh Theta S tem duas lentes e oferece um campo de vista de 190 graus por lente que dá um vídeo pleno esférico de 360 graus. Algumas outras câmeras na mesma faixa de preço oferecem uma vista de 240 graus, que não é esférica, pois aparece um círculo preto na parte inferior da imagem que eu acho muito chato.
Aqui está uma revisão rápida:
Prós:
a) A Ricoh Theta S cabe facilmente na palma da mão. Você pode transportá-la confortavelmente em sua bolsa ou no bolso.
b) É uma câmera compacta. É muito simples e fácil de usar.
c) Pode capturar panoramas em 360 graus completos de uma só vez, e a costura é feita automaticamente.
Contras:
a) A qualidade da imagem do vídeo é modesta. Não tem 4K; não espere produzir imagens de vídeo de alta qualidade. Mas funciona para compartilhar no YouTube ou Facebook.
b) Problemas de Wi-Fi. A câmera é controlada de um aplicativo de smartphone via conexão Wi-Fi. Eu não sei se isso foi algo específico para a minha câmera, mas em algumas ocasiões a conexão Wi-Fi não funcionou e eu tive que começar a gravar manualmente.
1. Não tem uma única lente
Ao contrário das câmeras tradicionais, a Ricoh Theta S tem duas lentes: uma na frente e outra na parte de trás. A fim de obter uma visão completa de 360 graus, a câmera precisa de mais do que uma lente. Basta apontar a câmera para qualquer direção e irá capturar as pessoas ao redor, objetos ou espaço. Tudo que você precisa fazer é mantê-la estável e gravar.
No entanto, usar múltiplas lentes pode criar problemas de iluminação. Dependendo do local, a quantidade de luz sobre uma lente pode ser diferente da luz da outra, fazendo com que apareça diferenças de cor significativas.
Ricoh Theta S tem duas lentes direcionadas a duas direções diferentes. Veja como a quantidade de luz da esquerda é um pouco maior do que da direita.
2. Não existe por trás da câmera
"Por trás da câmera" é um termo muito comum na indústria do entretenimento visual. Refere-se a qualquer pessoa envolvida ativamente na produção. Mas, com a visão de 360 graus, não existe essa coisa chamada de "por trás das câmeras". Tudo ao seu redor está dentro da câmera, incluindo você.
Se você estiver segurando a câmera, certifique-se de não fazer uma expressão estranha, a menos que pretenda fazê-lo.
Se não quer estar na cena, então você tem que se esconder atrás de um objeto e controlar remotamente a câmera à distância. Neste caso, certifique-se de manter sua câmera bem protegida contra quedas ou danos.
Com isso em mente, há uma questão ética interessante. E se as pessoas ao nosso redor não querem ser vistas na câmera? Com as câmeras tradicionais você pode simplesmente apontar a câmera para outro lugar. Mas com a câmera de 360 graus isso não é possível, a menos que a pessoa não esteja próxima.
3. Não há necessidade de fazer uma panorâmica ou inclinar a câmera
Como a câmera de 360 graus filma tudo na cena, você não precisa movimentar horizontalmente e verticalmente como nas câmeras tradicionais. Isso pode ser difícil no início, mas você deve se acostumar com isso em breve. Evite movimentos desnecessários que irão causar tonturas para o público.
4. Fique dentro da ação
As câmeras de 360 graus têm lentes angulares grandes. Essas lentes ampliam a distância entre objetos, permitindo uma maior profundidade de campo. Como resultado, se você estiver muito perto do objeto, ele vai aparecer distorcido. Se você está muito longe, então a sua área de foco será muito grande e os objetos serão indistinguíveis; vai perder a emoção dentro da cena.
Acho que a melhor coisa a fazer é ficar dentro da ação onde os espectadores podem sentir-se imersos de uma maneira natural. Encontre o ponto ideal, dependendo da ação de sua história. Não muito perto, não muito longe. Não muito baixo, não muito alto. Seja os olhos dos espectadores. Leve-os para lugares, momentos e eventos para experimentar as coisas que eles não podem experimentar de outras maneiras. Faça um vídeo excepcional.
5. É como filmar uma cena de teatro
Esqueça a configuração da câmera tradicional, a visão de 360 graus implica vários desafios para os produtores. Você precisa desenvolver uma mentalidade diferente e pensar fora da caixa.
Como a câmera pode gravar tudo em volta, tudo entre o chão e o teto (ou a terra e o céu) deve ser apresentável e atraente para o espectador.
Você pode posicionar a câmera como o centro da ação e deixar que as personagens reajam para os telespectadores, como se fossem parte da história. Ou a câmera pode ser usada como em um documentário e posicionar os espectadores como um observador externo -- ou como "uma mosca na parede".
6. Continue a experimentar, mas tenha em mente: "Será que realmente precisamos disto?"
Todos nós sabemos que os vídeos de realidade virtual e 360 graus são "a febre do momento". Brincar e experimentar são vitais para a inovação. Mas tente resolver algumas questões fundamentais antes de começar:
"Qual é o seu objetivo?", "Você realmente precisa fazer um vídeo de 360 graus?", "O que você quer alcançar?", "Você pode alcançar os mesmos resultados, usando uma câmera tradicional ou mesmo um smartphone?","Qual é o propósito?".
Responder a essas perguntas antes de tomar qualquer ação irá ajudá-lo a planejar melhor o seu trabalho e avaliar o resultado.
Deniz Ergürel é fundador e editor-chefe do Haptic.al. Siga-o no Twitter @denizergurel.
A versão original deste post foi publicada no Haptic.al e aparece na IJNet com permissão.
Fotos cortesia de Deniz Ergürel