5 técnicas para melhorar o jornalismo explicativo

por J Nathan Matias
Oct 30, 2018 em Diversos

Como a tecnologia pode ajudar o jornalista a dar sentido a temas complexos e explicá-los ao público de uma maneira clara e compreensível?

No ano passado, os estudantes de jornalismo de Jay Rosen passaram um semestre inteiro pesquisando e elaborando explicações em parceria com a ProPublica, uma redação sem fins lucrativos que se concentra em jornalismo investigativo. A classe fez um trabalho incrível para destacar exemplos notáveis desenvolver seus próprios "explicadores", conhecimento de fundo essencial para ajudar o público a acompanhar os acontecimentos e tendências no jornalismo. Um dos meus exemplos favoritos é um projeto de 2011 em que os alunos recriaram o mesmo artigo de fundo da ProPublica com vídeo, podcast e seção de perguntas frequentes.

A classe focou principalmente em duas coisas: apresentação e conversação. Eles conversaram com psicólogos cognitivos como George Lakoff para aprender como o público assimila o que lê. Destacaram exemplos de apresentação, como vídeos, cronogramas, infográficos, mini-sites, agregadores, podcasts, guias interativos, fluxogramas, e até mesmo um livro de imagens do Google! A turma também observou que explicar muitas vezes é uma conversa. No seu guia do jornalista para o desenvolvimento de perguntas frequentes, a classe sugere técnicas para descobrir o que as pessoas precisam saber. Eu adorei o conselho de ouvir o leitor.

Onde podemos inovar?

Neste período, estou fazendo a aula de Notícias Participativas de Ethan Zuckerman a partir do ponto de vista de um designer de tecnologia que quer construir ferramentas para apoiar o jornalismo de qualidade... Aqui estão as minhas principais recomendações em assunto de tecnologia para explicações melhores:

1. Produção colaborativa. Jay escreveu no seu ensaio o "Explicador Nacional" que se pode iniciar com um jornalista que não sabe do assunto. Quando aprendemos a explicar alguma coisa, nossa ignorância inicial nos ajuda a perceber de onde nosso público parte. Esta abordagem assume que um jornalista profissional está fazendo o trabalho; onde mais poderíamos encontrar pessoas desinformadas capazes de fazer explicações?

Acho que devemos nos inspirar na Wikipedia para desenvolver estratégias para a produção colaborativa de jornalismo explicativo, especialmente em questões que os jornalistas não podem cobrir ou não cobrem. As comunidades online como a Metafilter provaram a capacidade para cooperar em investigações de vez em quando. Como podemos estender isso para as explicações? Poderíamos também nos inspirar no Instructables e CommonCraft, comunidades online de pessoas que compartilham instruções em vídeo e explicações...

2. Achar vozes. Muitas das explicações na turma de Jay envolvem uma narrativa. A matéria "The Giant Pool of Money" foi bem sucedida, porque o programa "This American Life" encontrou o elenco certo de personalidades para ilustrar uma questão complexa. Mas encontrar as pessoas certas é realmente difícil, especialmente se você não representa uma organização de mídia estabelecida. Bancos de fontes como o Public Insight Network podem ajudar, mas é um sistema fechado e indisponível fora das redações. Redes sociais através de grupos como o Global Voices nos leva na metade do caminho, a pessoas que talvez conheçam quem estamos procurando...

3. Organização da pesquisa. Explicações são, por definição, difíceis de organizar e pesquisar. São questões complicadas que não parecem fazer muito sentido. Muitas vezes, o arco da história não é aparente até a meio do projeto. Pode ser fácil se perder na selva de informação. Enquanto a pilha de pesquisa cresce, pode ser difícil seguir a estrutura de um sistema complexo ou reunir a informação que você precisa para uma entrevista a seguir.

As ferramentas de escrita mais usadas ​​são ruins para ajudar as pessoas a organizar e compreender suas informações. Eu escrevi em outro site sobre o meu uso de softwares como o Tinderbox Eastgate para organizar uma pesquisa em torno de uma questão complexa. Acho que precisamos mais desse tipo de software. (Este artigo de James Fallows é um ótimo lugar para começar).

4. Formas retóricas. A narrativa em computador está em seu estágio inicial; não chegamos a um acordo sobre muitas das formas literárias. Além da seção de perguntas frequentes, cronograma e palestra ilustrada, a maioria dos explicadores exige uma forma retórica personalizada. Isso é ruim para qualquer pessoa que queira designar um prazo final para um projeto.

É por isso que eu amo os prêmios "Explainer Awards" que Jay e seus alunos realizaram... Mas temos de levar isso mais adiante. Um programa de premiação eficaz reunirá finalistas em cada categoria para discutir desafios comuns e construir tecnologias para resolver esses problemas.

5. Conversação. Por que não reimaginar o ato de explicar como um movimento social, em vez de produção de conteúdo? Algumas das melhores explicações são resultado de uma conversa de duas vias e não de uma parte do conteúdo. Nós poderíamos começar um serviço chamado "Meet the News", baseado geograficamente, que convida quem quiser a tomar café com alguém afetado por uma notícia. Os participantes poderão pagar o café e contribuir para a comunidade com alguns parágrafos sobre a conversa, algo como as recomendações de "couch-surfing" para o jornalismo.

Este artigo foi publicado originalmente no Idea Lab da PBS MediaShift e foi traduzido e publicado pela IJNet com autorização. O IdeaLab da PBS MediaShift é um blog em grupo feito por inovadores que estão reinventando as notícias comunitárias para a era digital. Cada autor recebeu um fundo do Desafio Jornalístico Knight para ajudar a bancar uma ideia sobre um tema relacionado à transformação da notícia comunitária.

Imagem usada com licença CC no Flickr via photosteve101