"O podcasting é o seu próprio meio e você precisa adaptar a narrativa a esse meio", aconselhou Siobhán McHugh no início de uma oficina lotada de uma hora organizada na GEN Summit 2017 em Viena.
A sessão, que demorou o dobro do tempo programado devido ao entusiasmo dos participantes, identificou uma série de recomendações para jornalistas que querem migrar para a arena de áudio.
Aqui estão sete dicas para quem busca desbloquear seu potencial de podcasting.
1. Abraçar o meio significa contar histórias de maneira diferente
Ao contrário da imprensa, as matérias de áudio "não podem ser em preto e branco" no estilo de "pirâmide invertida". Em vez disso, pense em áudio "mais como um bom livro": rico em personagens e um espaço onde as histórias complexas podem respirar.
A beleza do formato do podcasting é que episódios - e séries - podem ser tão longos quanto você desejar. "A narrativa dirige a estrutura", disse McHugh, o que significa que você não precisa nunca mais se sentir limitado a um número restrito de 800 palavras.
2. Podcasting não é apenas pessoas falando
"O som é o que torna o áudio atraente", aconselhou McHugh. "Se você está nas Filipinas, eu quero ouvir a vivacidade [do local]", disse ela.
McHugh recomendou que contadores de histórias comecem construindo seu próprio arquivo de som, capturando aúdios evocativos -- como sinos de igreja ou crianças brincando em um parque -- que, ao ouvirmos, pode nos transportar imediatamente para um lugar específico.
Não tem tempo para isso? Então, confira o Freesound, que se descreve como um "enorme banco de dados colaborativo de fragmentos de áudio, amostras, gravações e bleeps, lançado sob licenças Creative Commons que permitem sua reutilização."
3. Pense com seus ouvidos
Este é o único sentido que os ouvintes de um podcast podem usar, então faça com que ele conte. "Sempre use fones de ouvido ao gravar áudio", disse McHugh, e sempre assegure que as "entrevistas sejam feitas com a melhor qualidade de áudio."
Isso importa porque em podcasts você só pode "transmitir emoção e conexão aos personagens através do áudio."
"Quando você ouve a voz diretamente, há uma intimidade e conexão que você não imprime", afirma McHugh.
4. Mantenha-o real
"Seja autêntico", recomendou McHugh, "fale como se estivesse falando com sua melhor amiga."
O áudio é um meio "companheiro", então não tente imitar o estilo e a entrega de um leitor de notícias de rádio ou repórter de esportes.
"Fale como você fala", McHugh nos lembrou. "A emoção vem de vozes [reais] e isso faz com que as pessoas se importem", disse ela. Você não provocará essa resposta se estiver fingindo isso.
5. Crie fotos mentais
"O áudio é uma forma de comunicação onde, na melhor das hipóteses, a arte atende ao jornalismo", McHugh recomendou de forma memorável.
Os contadores de histórias podem construir intimidade através de mais do que apenas sons naturais e entrevistas bem gravadas.
"Algumas das coisas mais potentes no áudio podem ser os silêncios", sugeriu McHugh, acrescentando que você também pode usar intervalos comerciais como um ponto de pontuação em sua narrativa (como a TV faz), em vez de pensar nisso apenas como um mal necessário .
6. As oportunidades abundam
"Estou louca para ver podcasts em outras línguas que não o inglês", disse McHugh, observando o domínio dos podcasts de língua inglesa de lugares como NPR, BBC e novos participantes como Gimlet e Radiotopia.
Ela destacou Der Anhalter [O Caroneiro], um podcast de língua alemã produzido pela WDR (Westdeutscher Rundfunk) como uma exceção recente.
Em muitos países, podcasts relacionados a igrejas, comediantes e crime são os mais populares. O gênero do crime da vida real nos permite "viver vicariamente o lado obscuro da natureza humana enquanto estamos na segurança de nosso pijama."
Serial, o proponente mais destacado deste formato -- e, sem dúvida, um divisor de águas para todo o meio de podcast -- conseguiu mais de 250 milhões de downloads em todo o mundo, disse McHugh.
7. Preparação é a chave
Se você é fã do podcast do The New York Times, The Daily, então é interessante notar que a Gray Lady [apelido do New York Times] contratou seis pessoas de áudio para ajudar o apresentador Michael Barbaro a produzir programas, revelou McHugh.
Em seu próprio trabalho, McHugh fez parte recentemente da equipe de seis pessoas que produziu o premiado podcast Phoebe's Fall.
Descrito como "uma grande investigação pela redação do jornal The Age em Melbourne, na Austrália, sobre a morte de Phoebe Handsjuk, que foi encontrada no fundo de uma calha de lixo em um prédio de apartamentos de luxo", o podcast começou como uma história no jornal.
A equipe -- que incluiu dois produtores de áudio, dois apresentadores/jornalistas de investigação e dois produtores técnicos -- compilou 90 horas de gravações, que foram transformadas em seis episódios de 30 minutos.
O programa, que até agora resultou em mais de 1,3 milhão de downloads e atraiu US$30.000 de publicidade da General Electric, teve um impacto discernível. Ganhou prêmios nacionais e internacionais, desencadeou uma revisão da Lei do Médico Legista pelo governo vitoriano e incentivou jornalistas da Fairfax Media a explorarem outras oportunidades de podcast.
Com outros editoras menores exibidas por McHugh, que vão desde a Detroit Free Press ao Des Moines Register e ao Atlanta Journal-Constitution, também estão fazendo sua própria marca de podcasts, você está pronto para seguir esses passos?
Damian Radcliffe é o Professor Carolyn S. Chambers em Jornalismo na Universidade de Oregon, um Bolsista no Centro de Atendimento para Jornalismo Digital da Universidade de Columbia e Pesquisador Honorário da Universidade de Cardiff.
Ele escreveu este artigo na Sétima Cúpula anual da GEN (Rede Global de Editores), realizada de 21 a 23 de junho de 2017, em Viena, Áustria.
Imagem principal sob licença CC no Flickr via nrkbeta. Imagem secundária de Siobhán McHugh por Damian Radcliffe.