IJNet adota nova ortografia portuguesa

30 oct 2018 dans Jornalismo básico

Seguindo a maioria das redações brasileiras, a IJNet começa a aderir no dia 1° de janeiro às normas instituídas pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

O acordo ortográfico pretende unificar as diferentes grafias do português, falado em oito países por mais de 230 milhões de pessoas em quatro continentes, com o objetivo de fortalecer o idioma mundialmente.

Dos membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), o Brasil foi o primeiro a ratificar e adotar as novas regras. A razão, segundo críticos, é que as mudanças beneficiam o português falado no Brasil, onde cerca de 0,5% das palavras serão afetadas. Já a porcentagem de mudança no português de Portugal é três vezes maior, cerca de 1,6%.

Para Ludmylla Lima, estudante de doutorado em literatura na Universidade de São Paulo, o acordo favorece a língua "porque atualiza regras que já não fazem mais sentido, como o acento de vôo, por exemplo." Outro acento que desaparece é o trema, que também caiu em desuso no Brasil.

Mas as opiniões brasileiras não estão inteiramente a favor do acordo. Jonathas Mello, fotógrafo e colega da IJNet, disse que se a reforma for feita para uma maior integração cultural, social e econômica dos países lusófonos será muito válida.

"O ponto contra para nós brasileiros é que muitas palavras do nosso vocabulário vêm do tupi e outras línguas indígenas, que são recheadas de acentos que dão o modo de falar típico brasileiro", Mello disse.

Como Mello, a preocupação do jornalista, e também colega da IJNet, Paulo Nuno Vicente é com as criações linguísticas na rua e as minorias. "Tenho pena que os manuais e gramáticas não traduzam geralmente o português em uso nos países africanos," Vicente disse, referindo-se à nova ortografia como "(des)acordo ortográfico".

A expressão de Vicente revela os impasses e discussões em Portugal. No país que deu origem ao idioma, a resistência contra as novas regras vai além da preocupação com as particularidades regionais. Oponentes ao acordo ressaltam suas ambiguidades, custo financeiro e desrespeito histórico.

Uma petição, lançada pelo blog Em Defesa da Língua Portuguesa Contra o Acordo Ortográfico, já chega a quase 100.000 assinaturas dirigidas ao governo português, que estabeleceu um prazo de seis anos para adoção do acordo em Portugal.

Apesar de todos os membros da CPLP terem assinado o acordo ortográfico, somente o Brasil (2004), Cabo Verde (2005), São Tomé e Príncipe (2006) e Portugal (2008) ratificaram o documento. Mesmo assim, segundo o acordo, o restante dos países --Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste -- deverá adotar a nova ortografia.

No Brasil as novas regras podem conviver com as antigas até 2012, quando o período de transição acaba.

Para mais detalhes sobre o acordo ortográfico, incluindo o download do novo manual ortográfico, acesse http://educacao.ig.com.br/acordo_ortografico/, ou visite o especial sobre a Reforma Ortográfica na Folha Online: http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2008/reformaortografica/.