FátimaGPT e Nuclito: conheça dois chatbots brasileiros

6 déc 2023 dans Combate à desinformação
Robôs

Foi pensando em agregar um modelo de qualidade ao mercado e em combater à desinformação, que o Aos Fatos e o Núcleo Jornalismo criaram a FátimaGPT e o Nuclito, dois chatbots com LLM (Grande Modelo de Linguagem) capazes de interpretar as perguntas dos usuários e dar respostas mais completas, apresentando links seguros sobre o assunto. O nosso webinar do Fórum para Cobertura de Crises Globais recebeu representantes das duas mídias para contar sobre os projetos e como tem sido a experiência. Você acessa abaixo o vídeo do webinar e em seguida um resumo da conversa:

 

Os produtos ainda estão em fase de treinamento, mas podem ser acessados gratuitamente e já garantem bons resultados. As experiências com a construções das ferramentas são compartilhadas no noticiaai.com,  que traz tutoriais e casos práticos para outras organizações se inspirarem.
 

Nuclito

Jade Drummond, gerente de estratégia do Núcleo Jornalismo, explica que o Nuclito foi pensado e desenvolvido com a ideia de facilitar a pesquisa e fidelizar o usuário. A ferramenta envia um resumo do assunto perguntado e links para embasar a busca. “O Nuclito é um chatbot que usa conteúdo do Núcleo para responder os leitores. Ele só usa informações checadas e publicadas por nós”. Drummond destaca que quando a pergunta foge da base de dados, o bot informa que não sabe responder ou não tem informações atualizadas, ao contrário do ChatGPT, que nem sempre dá respostas confiáveis.

“No início tiveram ajustes para melhorar a experiência do usuário em achar o conteúdo, otimizar o tempo, o tipo de resposta e o número de caracteres”. Drummond afirma, ainda, que existe a preocupação do Núcleo em coletar as perguntas para fazer um estudo do interesse da audiência mantendo os dados do usuário no anonimato. A ferramenta é resultado da bolsa recebida no programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ. Sete profissionais participaram da criação, entre desenvolvedores, designer, equipe de estratégia e finalização.

Importante o feedback

A versão beta foi lançada em setembro com acesso gratuito e cadastro no site. O lançamento oficial será neste fim de ano. O feedback em eventos tem sido positivo e a equipe pretende melhorar a coleta de informações na página. “Nós colocamos um formulário para as pessoas darem retorno e apontarem erros, mas percebemos que não tem sido espontâneo. Nós vamos fazer um movimento de conversar com a audiência para finalizar o bot.”

A manutenção do produto é baixa. Gera um custo de centavos de dólares por pergunta realizada. Os assuntos mais procurados são sobre o faturamento do Google; moderação de redes; projetos de lei de plágio e debates sobre direitos.  O próximo passo é lançar o Nuclito´s Way. “Um projeto para que outras organizações desenvolvam seus chatbots aplicando nossas configurações e ajustes”, afirma Drummond.

FátimaGPT

Bruno Fávero, diretor de inovação do Aos Fatos, explica que a Fátima existe desde 2019 e já teve algumas versões. O chatbot, disponível gratuitamente em versão beta, no WhatsApp, Telegram e no site da organização, ajuda a encontrar conteúdo confiável e tirar dúvidas sobre desinformação nas redes. Uma das mudanças destacadas por Fávero é que, antes, a busca respondia apenas sugerindo links de consulta. Mas, com a explosão do ChatGPT e o avanço dos modelos de linguagem, a equipe viu uma oportunidade para aprimorar a ferramenta, que, atualmente, entrega ao usuário um resumo atualizado. “Tinha uma lacuna desse tipo de serviço de checagem. As pessoas ficam impressionadas como ela responde de uma maneira fácil de entender e sem enviar somente links”, explica ele.

A fase de testes e avaliação dos resultados levaram cinco meses e envolveram uma equipe de sete profissionais, entre desenvolvedores, designer e um time de audiência. O produto é alimentado só com as publicações do Aos Fatos e gera um custo aproximado de 100 dólares por mês para a organização.

Expectativa correta no usuário

Os usuários podem responder um formulário para apontar problemas na ferramenta e, em geral, a reclamação é de que ela não soube responder alguma pergunta porque não tem o conteúdo no banco de dados. “O comportamento que queremos é esse mesmo, que ela fale que não sabe responder, ao invés de inventar uma resposta e alucinar.” Fávero destaca que o retorno tem sido positivo nos eventos e conferências em que a tecnologia é apresentada. “Um ponto importante para quem está pensando em fazer um produto de inteligência artificial é criar a expectativa correta no usuário. Dizer que erros podem acontecer eventualmente".

A equipe pretende realizar uma pesquisa para descobrir o perfil do usuário. “Nessa fase de teste a impressão que temos é que o acesso é mais para jornalistas e pesquisadores. Mas no uso em geral, deve ser o leitor”, explica. Os assuntos mais pesquisados na plataforma são sobre política e covid. Fávero afirma achar curioso as perguntas que testam o viés da ferramenta. “Uma pessoa pergunta a mesma coisa sobre o Lula e o Bolsonaro ou sobre Israel e Palestina, por exemplo. A intenção é ver se o bot tropeça.”


Foto: Arte Canva