Tendências para divulgar notícias nas redes sociais

Sep 16, 2024 in Jornalismo digital
Smartphones

Os números provam a necessidade de reinvenção na forma de apresentar notícias online para conseguir prender a audiência. Afinal, esta audiência ativa nas redes sociais significa 62% da população mundial, segundo o Global Overview Report 2024. Além disso, uma pesquisa feita em seis continentes, a Digital News Report 2024, aponta a importância das redes sociais como principal portal para notícias. Apenas 22% dos entrevistados se informam diretamente por sites específicos.

A pesquisa ainda alerta que existe um crescente grupo dos que evitam acessar conteúdo jornalístico, aproximadamente 39% do total de entrevistados. Manter diariamente nas páginas das redes sociais tanto o público cativo quanto conquistar os relutantes é um desafio. Saiba como trabalham alguns profissionais que têm esta tarefa. 

Vídeos em alta

Myrcia Hessen é jornalista há 13 anos e atua como editora de conteúdo das redes sociais da Record Brasília. Para ela, o vídeo é o formato que oferece maior visibilidade. Uma das estratégias no perfil do Instagram da emissora é reproduzir vídeos já viralizados. "Neste momento, o vídeo com maior alcance leva o título: 'Mãe canta para fazer a filha dormir e encanta a web'. Ele tem mais de 3 milhões de visualizações", diz Hessen.

O relatório da Digital News confirma: vídeos curtos de notícias são acessados por dois terços dos usuários semanalmente, com as plataformas online sendo o principal local de consumo. Além dos temas engraçados e comoventes, cenas impactantes também dão resultado, como notícias de agressões, batidas de carro, incêndio e assaltos. "Vídeos com repórteres só rendem se o título for curioso e a edição dinâmica", explica Hessen. "Infelizmente, sem os vídeos virais, de entretenimento, os números não são relevantes. Então, a estratégia é mesclar."

Essa tática também é usada por Paulo Mesquita, jornalista e coordenador de redes com experiência em notícias governamentais e científicas. "No meu trabalho, percebemos a demanda de interesse de um público jovem no Instagram. Começamos a oferecer conteúdo como memes, games e séries, sempre com informação", diz Mesquita. "O alto engajamento fazia com que o assunto sério também fosse recebido pelos seguidores. Era a forma de driblar o algoritmo", conta.

Plano de ações

Para Hessen, é importante ter atenção às mudanças nas redes sociais e, principalmente colocá-las em prática. Nesse ritmo, ela compartilha as estratégias que usa: 

  • abrir conta no TikTok e estudar a plataforma;
  • fazer conteúdo com músicas e áudios virais;
  • postar o máximo de conteúdo possível porque quanto mais tempo fica no ar, mais chance do algoritmo entregar;
  • aproveitar tendências e assuntos do momento;
  • fazer conteúdo em colaboração com outros veículos;
  • pedir para os seguidores comentarem nas publicações;
  • publicar quase todos os dias no formato carrossel com vídeos;

Hashtag ainda serve?

Mesquita acrescenta a importância de prender a atenção do público logo nos primeiros 2 segundos. A qualidade das imagens e do título é essencial tanto nos vídeos quanto no conteúdo estático. "Comece com algo impactante, que gere curiosidade, para que o seguidor continue assistindo e chegue ao que é essencial".

Manter a audiência é importante e ser encontrado também. Mesquita acredita que as hashtags não são tão usuais e necessárias, mas continuam sendo "uma ótima forma de categorização de assuntos a ser encontrado pelo tema". E isso serve tanto para o Instagram, Facebook e TikTok.

Inclusive, outra recomendação é entender o público e investir nas redes certas. Enquanto Hessen entende que o TikTok é importante, Mesquita ressalta que depende do perfil da audiência. "Tem um público enorme no TikTok, não é mais uma rede só de jovem e dancinha, o perfil tem mudado. Mas não acho obrigatório estar lá", comenta. "O Facebook, que já foi a maior rede, e hoje uma boa parcela de pessoas a considera morta, mas não está! Tem muito engajamento por lá, a depender do seu tipo de público."

Whatsapp e Telegram também têm vez. É possível criar grupos separados por temas de interesse e regiões. "São ferramentas interessantes, principalmente pela velocidade de distribuição e tendem a ser cada vez mais usadas", diz Mesquita. No entanto, vale o cuidado com o uso de dados dos usuários. Eles precisam permitir o contato por meio dessas plataformas para o conteúdo não ser considerado spam.

Checagem e notícias específicas

Todas essas mudanças favorecem a produção e divulgação de fake news. Para manter a credibilidade e veracidade das informações, Hessen conta com uma equipe de jornalistas que checam todo o conteúdo antes da postagem. E completa: "Em um futuro breve, a própria inteligência artificial ajudará no processo de verificação dos acontecimentos. O avanço da realidade aumentada levará o público ao local dos fatos. Será um mergulho na notícia".

Como uma tendência, Mesquita considera o jornalismo de nicho, onde a tecnologia vai entregar notícias específicas sobre os interesses das pessoas. "E isso é um desafio para os grandes veículos. Um jornal grande como a Folha de S.Paulo, por exemplo, tem dificuldade em ter um perfil segmentado". Esse cenário reforça a importância da atenção às rápidas mudanças. "Quem estiver preparado, vai ocupar muito espaço", diz Hessen.


Foto: Canva