Jornalista do Mês: A brasileira Nicole Froio

por Jessica Weiss
Oct 30, 2018 em Jornalista do mês

A cada mês, a IJNet apresenta um jornalista internacional que exemplifica a profissão e usa o site para promover sua carreira. Se você gostaria de ser apresentado, envie um e-mail com uma curta biografia e um parágrafo sobre como usa os recursos da IJNet, aqui.

Este mês apresentamos a brasileira Nicole Froio, uma jornalista freelance com base no Rio de Janeiro. Nicole, que estudou jornalismo na Universidade de Sheffield no Reino Unido, escreve sobre direitos humanos, com foco especial em feminismo e políticas de gênero. 

Ela também trabalha para o RioOnWatch, um site comunitário dirigido pela ONG Comunidades Catalisadoras, que busca amplificar a voz dos residentes das favelas no Rio de Janeiro. Ela escreve, edita e atribui trabalhos para o site.

“As pessoas de comunidades negligenciadas em todo o mundo raramente têm uma voz para dizer o que realmente pensam", ela disse. "Trabalhar em jornalismo comunitário é incrível porque demonstra que todo mundo tem algo a dizer e há tantas coisas que ficam sem ser reportadas -- boas e ruins." 

Como a IJNet ajuda você?

A IJNet me ajudou a encontrar cursos de extensão que me fizeram uma profissional melhor. Eu assisti a um curso de jornalismo de dados anunciado na IJNet há alguns meses e aprendi algumas técnicas ótimas que uso todos os dias. Eu sempre acho programas de bolsas através da IJNet que pretendo me inscrever para avançar no meu trabalho e educação. Há todos os tipos de oportunidade no site, então eu checo o tempo todo. 

Do que você tem mais orgulho até agora na sua carreria de jornalista?

Não tem uma matéria em particular da qual eu me orgulho mais, mas eu tenho orgulho do fato de que aprendi a entender o poder das palavras. É fácil cobrir um evento apenas e não pensar no dever cívico do redator. Eu tenho orgulho do fato de tentar ser uma redatora e editora consciente. 

Conte-nos sobre seu trabalho cobrindo temas relacionados com direito da mulher. 

Jornalistas têm um poder incrível. Eles criam a agenda e definem a linguagem que é usada. O que você está cobrindo é sexista ou racista? A maneira como você está cobrindo é estigmatizante? Que histórias devem ser conhecidas para que possam estimular uma mudança? Quem precisa de uma voz? 

Em termos de direitos da mulher especificamente, eu sinto que a mídia definitvamente tem um papel em desafiar e finalmente destruir o patriarcado. Se mais jornalistas lutassem contra os papeis de gênero sexistas retratados no jornalismo, por exemplo, teríamos menos manchetes do tipo "Mother of three to run BBC” (Mãe de três dirige a BBC).

Meu trabalho para mudar perspectivas foca atualmente em mulheres brasileiras. Durante a Copa do Mundo, eu percebi que muitos estrangeiros não tratavam as mulheres brasileiras com respeito, e eu fui assediada algumas vezes por estrangeiros, mesmo em ambientes profissionais. As mulheres brasileiras são vistas como exóticas e sensuais. Isso é algo que deve mudar. Eu criei um projeto chamado Beyond the Sex & Sunshine, que busca apresentar a mulher brasileira como mais que um ser sexual, mas como as mulheres que realmente são: pessoas que são complexas e merecem ser respeitadas.

Com este projeto, eu estou tentando mudar a narrativa em torno da mulher brasileira não apenas mostrando que são mais que objetos sexuais, mas também descobrindo a sociedade sexista brasileira que nos oprime. Espero trazer essas questões à luz, enquanto humanizo a mulher brasileira ao mesmo tempo. 

Que conselho você daria a quem quer ser jornalista?

Não tenha medo de ser consciente socialmente e se importar com as questões. E seja persistente - esta é a marca de um bom repórter. 

Imagem cortesia de Nicole Froio