Como combater desinformação política nas redes sociais

porChequeadoJun 23, 2023 em Combate à desinformação
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A desinformação pode ser extremamente danosa durante uma eleição: ela pode confundir os eleitores, dissuadi-los de votar, deslegitimar os resultados, dentre outros. Por isso, é fundamental que jornalistas estejam preparados para combatê-la. Isso envolve entender como ela se espalha e quais ferramentas estão ao nosso dispor para freá-la. 

Onde a desinformação circula? O conteúdo falso não é disseminado somente nas redes sociais. Afinal, rumores e campanhas sujas já existiam muito tempo antes dessas plataformas surgirem. Mas a facilidade com que qualquer pessoa pode publicar e espalhar informação falsa nas redes sociais hoje mudou a dinâmica.

 

 

O caminho que a desinformação segue costuma ser parecido com o de uma trombeta: ela começa em círculos pequenos, como o Telegram e o WhatsApp, ou em outras redes sociais pequenas. À medida que ganha tração, ela se move para plataformas mais abertas, como Facebook, Instagram, TikTok e YouTube, entre outras.

Identificar esses espaços nos quais a desinformação circula pode nos ajudar a ganhar tempo para se preparar antes que as narrativas danosas cheguem às grandes redes sociais e alcancem centenas ou milhares de pessoas a mais.  

O melhor momento para fazer a verificação de fatos da desinformação é quando ela está se espalhando nas grandes plataformas. Desmentir a desinformação muito cedo, quando ela ainda está circulando em círculos pequenos, pode involuntariamente dar mais visibilidade a ela. Mesmo quando refutamos uma afirmação falsa, nós ajudamos a colocar a questão em pauta e fazer com que as pessoas que não haviam sido expostas a ela fiquem cientes de sua existência.

Por outro lado, se esperamos demais antes de intervir, uma afirmação falsa pode viralizar ainda mais. A intervenção deve ser feita nesse ponto ótimo do ciclo de vida da desinformação: quando muitas pessoas já a viram, mas antes que ela fuja do controle.

Além da viralidade, é importante levar em consideração o dano que a desinformação pode causar. Por exemplo, se o conteúdo impedir as pessoas de votarem porque dá informação falsa sobre seu local de votação, pode ser importante refutá-la mesmo que ainda não tenha viralizado.

Também é imperativo analisar estratégias para disseminar o seu conteúdo que refuta a desinformação. As pessoas que mais precisam vê-lo são aquelas que foram expostas à desinformação. Por isso, é importante compartilhar suas verificações nas plataformas nas quais o conteúdo falso foi postado originalmente.

Em alguns casos, você pode optar por não difundir uma verificação nas redes sociais. Esse pode ser o caso se a desinformação que você está desmentindo já tiver viralizado: você pode querer evitar amplificar a afirmação falsa original. Em vez disso, você pode publicar a verificação num local em que, caso alguém pesquise sobre o assunto, encontrará facilmente o desmentido.

É fundamental saber como apresentar o desmentido da melhor forma. É melhor usar títulos afirmativos em vez de fazer perguntas. Por exemplo: "É falso que não será possível votar sem documentos" em vez de "Vai ser possível votar sem documentos?". Como já sabemos que muitos leitores vão apenas dar uma olhada no título sem ler o conteúdo do texto, devemos tirar o melhor proveito desse espaço para fornecer a eles o esclarecimento essencial de que precisam.

Além disso, é importante ser transparente sobre como a informação foi obtida. Isso vai dar ao público mais confiança sobre as razões para negar as alegações falsas e entender por que elas são imprecisas. Isso também pode ajudar os leitores a identificar desinformação similar com a qual eles venham a se deparar no futuro.

Finalmente, antes de verificar uma alegação falsa, coloque-se no lugar da pessoa que acreditou na desinformação. Isso pode nos permitir desmentir informações falsas de forma mais empática, aumentando as chances de chegar ao nosso público.


Este recurso é parte de um kit de ferramentas de cobertura de eleições e como identificar desinformação, produzido pela IJNet em parceria com o Chequeado e o Factchequeado, com apoio do WhatsApp. A produção dos vídeos foi feita em parceria com Aos Fatos, Comprova, Estadão Verifica e Lupa.

Para mais informações sobre desinformação eleitoral, visite o PortalCheck.

Foto por Adem AY via Unsplash.